Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O temor de que um calote da segunda maior incorporadora da China enfraqueça mais a economia global já às voltas com a inflação e baixo crescimento fez investidores se desfazerem ainda mais de ativos de risco, levando o principal índice da bolsa brasileira nesta segunda-feira ao pior nível em quase 10 meses.
Pressionado sobretudo por ações de empresas de commodities e de bancos, o Ibovespa teve baixa de 2,33%, aos 108.843 pontos, com a quinta queda seguida levando-o ao menor fechamento desde os 107.378 pontos de 23 de novembro do ano passado. O giro financeiro da sessão somou 34,9 bilhões de reais.
O aparentemente inevitável calote no pagamento de juros de dívida por parte da gigante Evergrande (OTC:EGRNY) nos próximos dias avivou temores de crise no setor imobiliário chinês, o que traria consequências de larga escala para as economias local e global.
Um dos segmentos que na semana passada já vinha refletindo a dimensão do estrago potencial, o mercado de minério de ferro viu a cotação da commodity ter outra derrocada de 8%, acumulando uma baixa de 55% em apenas dois meses.
Aqui, ações da Vale (SA:VALE3) e de siderúrgicas estiveram entre as de maiores baixas. A queda do preço do petróleo também pressionou Petrobras (SA:PETR4).
"O Brasil sofre muito, visto que duas das principais ações do Ibovespa são afetadas diretamente pelas commodities", afirmou Filipe Fradinho, analista da Clear Corretora.
Segundo profissionais do mercado, isso se aliou a outros fatores que já têm feito investidores preferirem evitar ativos de maior risco, como os sinais de maior aperto monetário para conter a inflação.
Dois desses sinais devem vir na quarta-feira. Nos Estados Unidos, são aguardados sinais de um comitê do Federal Reserve de redução nas compras de títulos, programa que tem ajudado a dar liquidez ao mercado e ajudar na retomada da economia atingida pelos efeitos da pandemia da Covid-19.
Em Wall Street, os principais índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq tiveram quedas de 1,8% a 2,2%.
Também na quarta, espera-se que o Comitê de Política do Banco Central no Brasil eleve novamente a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano, além de indicar novos aumentos até o fim do ano para tentar conter a inflação.
DESTAQUES
- VALE caiu 3,3%. Não bastasse a pressão exercida pela derrocada dos preços do minério de ferro, na última sexta-feira, o UBS cortou a recomendação para a ação da empresa de 'compra' para 'venda', estimando que um excedente de minério de ferro de cerca de 150 milhões de toneladas deve crescer em 2022.
- PETROBRAS perdeu 1,12%, na esteira da queda dos preços internacionais do barril de petróleo. PETRORIO (SA:PRIO3) retrocedeu 5,68%.
- BRASKEM (SA:BRKM5) teve a pior performance do índice, desabando 11,54%, em meio à notícia da mídia de que a Novonor (ex-Odebrecht) pretende vender fatia da empresa por meio de oferta de ações.
- BRADESCO (SA:BBDC4) recuou 3,75%, liderando as perdas entre grandes bancos brasileiros. ITAÚ UNIBANCO (SA:ITUB4) cedeu 2,26%. BANCO INTER PN (SA:BIDI4) declinou 5,23%, com investidores preferindo vender ações com grande valorização nos últimos meses para embolsar ganhos.
- COPEL (SA:CPLE6) subiu 4,68%, uma das poucas altas do índice. A companhia elétrica paranaense informou na sexta-feira que vai distribuir 1,437 bilhão de reais em remuneração a acionistas, a serem pagos em 30 de novembro.
Fonte:Reuters
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